Os nossos “media” têm sido
extremamente injustos para com o nosso Presidente da República a respeito das
suas recentes declarações, em que defendeu a obrigação de Portugal “pagar os
custos” por toda a nossa história imperial.
Como (quase) sempre, viram apenas
a ponta do dedo – não para onde o dedo apontava. Ou seja, fizeram apenas as
contas ao que nós teríamos a pagar e não, antes disso, ao que Portugal tem a
receber.
Mesmo sem maioria parlamentar que
se veja, é pois tempo deste novo Governo começar a agir. E já. Antes de mais,
apresentando a factura ao Macron pelas “invasões francesas”. Depois, falando
com a Meloni para acertar os custos do “império romano” entre nós. Quanto às
“invasões bárbaras” que se seguiram, fazendo uma queixa “contra incertos” – com
sorte, os alemães assumem a culpa. Eles estão habituados a isso.
Antecipando a resposta de que
eles já têm saldada a sua dívida através da União Europeia, devemos então
apostar em força nos países árabes, sobretudo nos Estados do golfo pérsico.
Mais cedo ou mais tarde, deixa de haver petróleo e convém, o quanto antes, que
estes Estados nos paguem os “custos” pela presença árabe no nosso território.
Também aqui podemos antecipar a
resposta que nos darão: “sim, mas quando nós ocupámos o vosso território,
Portugal ainda não existia”. E é aí que a posição do nosso Presidente da
República virá em nosso socorro, para a contra-resposta que se impõe: “sim, mas
o mesmo aconteceu em Angola, no Brasil, em Cabo Verde, na Guiné, em Moçambique,
em São Tomé e em Timor, não falando agora de outros territórios…”. Siderados
por tal evidência histórica, estamos certos de que farão imediatamente a devida
transferência bancária.
No seu apoio parlamentar de geometria variável, o novo Governo poderá decerto contar com as partidos mais “à direita” para reclamar esses custos e com os partidos mais “à esquerda” para pagar, com juros, tudo o que nos é reclamado. No Brasil, já começaram a fazer as contas. De facto, quanto custa, no câmbio de hoje, a criação de um país imenso como é o Brasil? Dado que a “culpa” da criação do Brasil foi toda nossa, pagaremos metade do que recebermos dos árabes e ficamos quites. No final desta história, ainda ficaremos a ganhar. Graças a Marcelo.